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Urbanismo e paisagismo - Praças e espaços públicos de Anchieta-ES
No ano de 2022, desenvolvemos uma série de novos espaços públicos para a cidade de Anchieta (ES), em contratos da Avantec Engenharia, empresa a qual trabalhamos em parceria desenvolvendo seus projetos de Arquitetura e Urbanismo. Apresentamos abaixo, alguns desses projetos:
Praça de Alto Pongal, Anchieta-ES. Ano de 2022.
Em um terreno vazio, com área aprox. de 1580 m² localizado ao lado de um ginásio com quadra poliesportiva da EMEB Tia Marlene Petri e definido pelas ruas Virgilio Lorencini e R2, foi projetada uma praça para a comunidade de Alto Pongal. A praça terá um cunho temático referente à imigração italiana que chegou à cidade de Anchieta.
Para tanto os pisos em granilite colorido remetem às cores da bandeira da Itália e organizam ao mesmo tempo, os espaços da praça e os canteiros-bancos arborizados que darão sombras a esse terreno descampado. Outros dois elementos importantes são o pórtico de entrada, que marca o eixo que leva o visitante até o pergolado e o mirante sobre o rio local.
A entrada da praça será marcada por 02 pórticos de madeira (Figura 6) que direcionam até o final da praça, onde existe um pergolado e um mirante que abre vistas ao entorno e rio Pongal. Os canteiros propostos, além de abrigarem as árvores a serem plantadas no terreno vazio como sombreamento, também servirão de bancos em dois níveis para os usuários da praça e em dias de eventos festivos . O centro da praça é dedicado ao passeio e às crianças, com um pequeno playground arborizado e contido pelos canteiros.
Esse eixo também é marcado pela parede-Arte, parede branca que servirá de suporte tanto para pinturas, grafites como de paneis comemorativos da imigração italiana em eventos festivos, podendo ser refeita essa intervenção sobre a parede a cada ano ou festividade, de acordo com a comunidade.
Por detrás dessa parede estão também 04 edificações que atenderão a área da praça e aos eventos da comunidade, bem como também ao turismo local: duas áreas de banheiros públicos (convencionais feminino e masculino) e PNE/família (masculino e feminino), uma área de exposição de objetos históricos da migração italiana chegada à região e uma loja de produtos artesanais e comidas caseiras produzidos na região. Os frontões com óculos (para ventilação do telhado) remetem a arquitetura clássica italiana, e as molduras de concreto da fachada são para proteger as entradas dos banheiros e da loja das chuvas e da incidência do sol da tarde.
Como o terreno da Praça de Alto Pongal é uma esquina entre a rua Virgílio Lorencini e a rua R2, seu acesso pode ser feito por qualquer uma dessas ruas. O acesso pela rua R2, por conta do seu desnível será feito por rampa e haverá a necessidade de uma outra rampa com faixa de pedestre no acesso da esquina da Virgílio Lorencini com a R2.
Reforma e nova cobertura da Praça de São Pedro, Anchieta-ES. Ano de 2022.
A reforma e requalificação da Praça de São Pedro possui área aprox. de 2.500 m², incluindo uma nova área de estacionamentos. A antiga cobertura metálica com fechamento em policarbonato será substituída por uma nova que cobrirá todo o espaço da praça, dando maior segurança e conforto térmico tanto para os usuários como para os feirantes locais.
A estrutura de apoio da cobertura será em aço tubular espacial que está apoiada em pilares de concreto armado (pilotis), revestidos em cerâmica para facilitar a manutenção local. Essa nova cobertura será em telhas de aço zincado termoacústicas que remetem a um desenho de um peixe em suas duas fachadas principais, ao mesmo tempo que suas fachadas laterais aproveitam o desenho da forma para captar o vento predominante nordeste da região. Os fechamentos frontais e laterais também serão no mesmo tipo de telha, acrescidas de venezianas que facilitarão as trocas de calor pela ventilação cruzada da cobertura e área dos pilotis.
Será mantida a área aberta dos pátios internos e suas funções que preexistem na praça coberta (pátios formados exatamente por uma abertura na cobertura), mas com novo desenho retangular e canteiros-bancos arborizados). Tanto no estudo preliminar como no projeto executivo entregue à Prefeitura, as árvores existentes foram mantidas e preservadas, mantendo-se sua inscrição original no pátio criado. E novas árvores foram plantadas, em projeto, na área de estacionamento criado.
O piso interno da praça será em granilite colorido com desenho que remete ao simbolismo da cruz de São Pedro como eixo central, conectando a praça à igrejinha de São Pedro do outro lado da rua.
Completando essa conexão, uma faixa elevada em piso intertravado colorido azul com formatos de ondas (para reforçar às origens do santo pescador), faz a travessia nivelada entre a praça e a igrejinha.
Do lado contrário, no vazio existente entre a praça e a rua Marechal Floriano Peixoto, foi organizado o estacionamento local para veículos particulares e caminhões de médio porte, atendendo os feirantes durante a logística das feiras. Propõem-se também a organização das vagas paralelas das ruas laterais à praça para organizar o fluxo local de veículos.
Reforma da Praça dos Imigrantes e atracadouros, Anchieta-ES. Ano de 2022.
O projeto de requalificação da Praça dos Imigrantes, às margens do rio Beneventes, histórico local de entrada da imigração italiana na região de Anchieta em 1875, foi desenvolvido para ressaltar suas origens históricas, ao mesmo tempo em que fixa no lugar, a cultura pesqueira local, aliando isso tudo ao desenvolvimento turístico e ambiental que também são marcas dessa região da cidade de Anchieta.
Quatro eixos importantes estão presentes no projeto de requalificação deste espaço urbano e público: o histórico, requalificando seus espaços originais e enfatizando suas origens ancestrais para a própria história da cidade de Anchieta; o cultural, através de melhorias para a infraestrutura pesqueira da comunidade ligada à lida diária da pesca; a ambiental, por ser a região parte integrante da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Municipal Papagaios e uma de suas portas de entrada e, por último, mas não menos importante, a soma dessas características possuírem um enorme apelo turístico pela sua própria união em um único e singular lugar de Anchieta.
Tendo-se isso como partido, o projeto desenvolvido apresenta-se como estruturador de todos esses eixos, conectando-os nesse pequeno espaço urbano de Anchieta. A primeira intervenção proposta foi no redesenho da praça original, mudando-se seu perímetro sem alterar as edificações existentes no local: o Mercado de Peixes, os 03 módulos de quiosques e a escultura em homenagem a chegada dos imigrantes a cidade, em 1875. Ao contrário, o desenho do piso colorido proposto em 03 cores – verde, branco e vermelho - orienta o caminhar pela praça e busca integrar esses equipamentos públicos existentes. O piso em madeira faz outra forma de integração também: a das áreas ligadas à pesca e ao rio Beneventes, que se estendem pelo prédio do Mercado de Peixes e aos decks, piers e atracadouros sobre o rio. Enfatizam e darão o apoio correto ao trabalho dos pescadores da região e ao incentivo ao turismo marítimo/fluvial, também desejado para esse lugar.
O interior da praça, além dos equipamentos listados e o piso desenhado em cores também possui quatro grandes árvores que serão mantidas no projeto, de grandes e bela copas que perfazem uma ótima área sombreada, sem a necessidade de adição de novas espécies. Os canteiros que as rodeiam receberão bancos em concreto com áreas de assentos e encostos em madeira.
Ao seu desenho original foi acrescido uma nova linha de decks que avançam 3 m sobre rio Beneventes e de onde parte o piers e atracadouros para os barcos de pesca, passeio e turismo. Pequenos braços ao longo da região (que vai do final da praça até próximo á ponte sobre o rio) se estendem sobre o rio para receber as embarcações, e o deck percorre toda a extensão da praça indo até as proximidades da ponte sobre o rio Beneventes, conectando as áreas do entorno da praça. Pórticos de madeira com coberturas em telhas cerâmicas marcam as atracações de passeio e turismo e uma versão estendida deles, faz a proteção do desembarque dos pescados no atracadouro reservado aos barcos de pesca, próximo ao mercado e às 02 vagas de carga e descarga da praça.
Um pórtico de entrada marca a localização e indicação da praça como da área da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Municipal Papagaios, reforçando a multiplicidade de usos desse lugar singular de Anchieta.
Reforma da Vila Olímpica, Anchieta-ES. Ano de 2022.
O Projeto de requalificação da área da Vila Olímpica de Anchieta inicia-se com a troca do piso e criação de área de praça pública separada da área do ginásio, a partir de um desenho fluído e dinâmico do piso cimentado e dos novos pisos intertravados coloridos.
A nova área pública da cidade ainda ganhará uma grande área sombreada por uma laje sob pilotis para descanso, possibilitando também o apoio para o uso de foodtrucks que possam utilizar o novo estacionamento projetado no horário noturno.
Um eixo central marcado por uma sequência de pórticos metálicos, a partir desse estacionamento, faz o acesso à praça, entre a laje sob pilotis, criando uma entrada principal de pedestres.
Uma nova edificação foi projetada, a partir da demolição da quadra de bocha existente, para a criação de uma área de treinos para artes marciais com tatame e área de sanitários e vestiários coletivos para a praça e práticas esportivas das quadras existentes no local.
Um novo paisagismo e mobiliário urbano foram criados para a praça, com usos diversos, incluindo a prática do Skate. A antiga rampa para skates em formato de half foi demolida pela falta de uso, e optou-se em distribuir novos obstáculos ao longo da nova praça que tenham também a função de assentos e descansos .
Acesso à Praia do Quitiba, Anchieta-ES. Ano de 2022.
Por muitos anos, o acesso à praia do Quitiba, na cidade de Anchieta-ES, era algo quase que totalmente restrito, tanto por conta do seu relevo acidentado quanto pelo loteamento existente no local que também dificultava o acesso à praia, principalmente de quem vinha pela rua Silvio Ribeiro da Costa. Os lotes quase que à beira-mar criavam um obstáculo ao acesso e aos visuais da praia.
Junta-se a isso que a importância da praia não se limita às suas paisagens da cidade de Anchieta, vista do outro lado do rio Beneventes. Aqui, também próximo à praia e ainda pertencendo à uma propriedade privada, encontra-se um dos resquícios históricos da presença jesuítica na cidade e no Estado do Espírito Santo: um dos poços de água para o abastecimento dos jesuítas, construído no séc. XVIII, antes da expulsão da Ordem em 1759 de todo o território português, marca a trilha existente até a praia do Quitiba. Então, esse acesso tem valor duplo: o real e físico como forma de melhor e facilitar o acesso a um bem público e comum que a praia de Quitiba e, o simbólico, marcado pelo poço e a história dos jesuítas no território capixaba. Ele se soma a todas as outras edificações jesuíticas da cidade, nomeada em homenagem a um dos mais importantes padres jesuítas em terras brasileiras, o Padre Anchieta, ali falecido em 1597, incluindo-se, é lógico, a presença do magnífico Santuário Nacional de São José de Anchieta, típica edificação jesuítica do séc. XVI.
O acesso à praia foi feito utilizando-se trecho do terreno doado à municipalidade. A partir daí, o acesso foi definido pelo limite do terreno doado (espaço existente) e a topografia local. Pela declividade acentuada e pela pouca largura do trecho doado não foi possível a implantação de acesso por rampa. Então, optou-se nesse primeiro momento, a definição do acesso por uma escadaria em madeira de Lei que vença a topografia local até a parte plana do terreno, já nas proximidades do trecho onde localiza o poço jesuítico. Em consulta a Secretaria de Cultura da Cidade de Anchieta, responsável pela manutenção dos bens históricos da cidade, foi-nos solicitado que a construção do acesso criasse o menor impacto possível sobre o solo, a ponto de não se tornar um obstáculo caso seja necessária a sua remoção a posterior. Por isso a opção mais viável foi a construção do acesso, definida em projeto, em madeira de Lei, a partir de encaixes metálicos e parafusados de rápida execução (e de desmonte, caso seja necessário). A escadaria em madeira se desenvolve ao longo da topografia da trilha, em uma sucessão de degraus e patamares para que o acesso não se torne cansativo, mas que o mesmo se torne, por fim, uma experiência, tanto para quem quer ir à praia de Quitiba ou conhecer o velho poço, isolado por cordas e pequenas toras de madeira, como será também a delimitação da trilha.
E para marcar a entrada do acesso foi criado um pórtico arcado em concreto e pedra , tomando-se como referencia, os arcos da torre sineira do Santuário de Anchieta para o desenho da entrada para o acesso. Um tótem indicará o local e sua importância histórica. Optou-se em manter o restante do acesso no piso natural local, interferindo o mínimo possível nesse lugar histórico.
Rua do Lazer, Castelhanos, Anchieta-ES. Ano de 2022.
A rua Diogo Augusto Bretas, localizada no balneário de Castelhanos, em Anchieta (ES) é hoje uma via de tráfego mediano mas que aumenta de intensidade no período do verão, misturando fluxo de pedestres e veículos que circulam por conta dos restaurantes existentes no começo da via e das residências locais.
Especificamente por conta do fluxo de pedestres que aumenta consideravelmente no verão e feriados, a Prefeitura decidiu transformar essa via em uma rua de lazer, que possa, em períodos mais cheios, ser utilizada de forma quase que exclusiva para pedestres, sem barrar, por exemplo, veículos dos moradores locais e em baixa velocidade.
Para tanto, foi solicitado no projeto que essa via tivesse um tratamento diferenciado das outras do bairro, com piso elevado e colorido, urbanização das calçadas com bancos e canteiros com novo paisagismo. O canteiro central existente foi removido e preferiu-se, em contrapartida, ampliar as faixas de calçadas laterais para acolher melhor os pedestres, melhorar a mobilidade urbana e ampliar também a área de paisagismo, com arborização e iluminação decorativa.
O desenho sinuoso do piso não foi feito de forma aleatória, mas, pelo contrário, remete a uma forma de conexão com dois corpos d'água locais o mar da Praia de Castelhanos e a lagoa existente no final da via, aflorada em um grande terreno privativo, que cria um interessante contraponto entre a urbanização local e esse terreno de claras características ainda rurais, em meio a toda a urbanização da região.