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Arquitetura - Cultural

Complexo Cultural de Marataízes. Marataízes-ES (ano de 2020)​

A cidade de Marataízes, localizada no litoral sul do Espírito Santo vem passando, nos últimos anos, por uma série de obras de infraestrutura urbana e de lazer. Faltava-lhe, porém, uma que tivesse a Cultura como mote, nessa terra de tanta história, belezas naturais e gastronomia diversificada. Para tanto, havia a necessidade de um complexo cultural que abrigasse uma gama variada de atividades culturais e que, ao mesmo tempo fosse central a cidade de Marataízes.

A pouco mais de 500 metros do seu núcleo histórico localizado às margens do rio Itapemirim, na antiga área do Trapiche e residência da família Soares, região do Porto da Barra que até o começo do séc. XX teve grande importância econômica e comercial para o Sul do Espírito Santo, estão localizados os galpões da antiga linha férrea Itapemirim (E. F. Itapemirim), que ligava o Porto da Barra de Itapemirim à Cachoeiro (ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DO BRASIL, 2020).

Os galpões remanentes dessa antiga linha, construída entre 1910 e 1920 (ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DO BRASIL, 2020), foram as oficinas dos maquinários da linha. Após sua desativação, durante a década de 1960, os galpões perderam suas funções originais assumindo novas ao longo das últimas décadas. Nos últimos anos, porém, estavam desativados e sem uso previsto .Nesse percurso de pouco mais de 500 metros da área do antigo Trapiche até os galpões da E. F. Itapemirim, existe uma série de espaços e equipamentos públicos que marcam esse núcleo: próximos às margens do rio Itapemirim estão as ruínas do antigo Trapiche dos Soares (ruínas a serem requalificadas), a casa-sede, também pertencente à família – o Palácio das Águias, transformada em Biblioteca Pública, decks de frente para o rio e o Mercado de Peixes público. Entre os galpões e a região do Trapiche, está a Praça Central, antigo espaço público da cidade, palco de eventos anuais, que foi reurbanizada e inaugurada em agosto de 2020, ganhando novos espaços de convívios, de lazer e esporte. E em frente de boa parte de toda essa área, distante 100 metros, está a Praia Central, orla que também está sendo urbanizada no momento desse projeto

Os antigos blocos dos galpões-oficinas estão implantados em um mesmo terreno onde estão instaladas uma creche pública, que será transferida de local (para o reformado CAIC da cidade) e uma pequena praça, a frente dessa creche. Atualmente, toda essa área está ilhada entre vias de grande fluxo de carros. Uma nova urbanização viária da cidade, em curso, mudará a mobilidade da região, de forma a melhorar tanto o tráfego de veículos, através de sistema de binários, como o fluxo de pessoas com passeios mais largos e ciclovias.

A proposta desenvolvida tira partido tanto desse novo contexto viário, como também, do contexto cultural onde está inserido. Com a transferência da creche existente que, além de estar ilhada nesse terreno, também ocultava a fachada principal dos galpões, de arquitetura eclética, conseguiu-se com isso, integrar espaços públicos de usos diferentes. As antigas oficinas serão transformadas em dois espaços distintos: um teatro para mais de 300 lugares e um centro gastronômico com cinco box/pequenos restaurantes de comidas variadas.

Com área total de 1.638,17 m² e dividido em dois espaços internos com vãos de quase 16 metros por quase 50 de comprimento (cada) e separados por alvenaria, o complexo de dois galpões foram integrados com a praça existente, ampliada com a transferência da creche. A Praça da Cultura, será, portanto, mais um espaço público da cidade de Marataízes com função dupla: primeiro, espaços para atividades artísticas e culturais mais afeitas aos espaços abertos, como pequenas apresentações de bandas no espaço do palco delimitado no piso nivelado da praça, performances, feirinhas de artesanato, entre outros. E, além disso, porta de entrada para o complexo cultural formado pelos antigos galpões e o novo prédio de apoio projetado, ambos conectados por uma marquise de concreto.

Nos galpões, as atividades de teatro e outros espetáculos artísticos in door, além do espaço gastronômico; no prédio de apoio curvo e com dois pavimentos, atividades culturais complementares, como um espaço de eventos no térreo e salas para aulas de dança, música, capoeira, yoga, artesanato, artes plásticas etc, de acordo com a demanda. Os três espaços se integram e se completam por suas funções e usos.

As cores em contraste (ocre, branco, azul) dos espaços remetem as cores, em tons variados, do brasão da cidade. O prédio de apoio, curvo em consonância ao desenho urbano das vias e do terreno, orienta o desenho dos canteiros da praça. Os pisos ao redor são em placas drenantes de concreto e os bancos-arquibancadas acompanham a sinuosidade desse entorno. A geometria mais cartesiana fica para os antigos prédios dos galpões, com suas funções já pré-definidas e para a área de estacionamentos do complexo, na frente da praça. Um novo paisagismo foi projetado nos canteiros-bancos-arquibancadas, com arbustos, forrações, palmeiras e árvores de cores e volumes diversos. A pouco mais de 100 metros de distância daqui, está a Praça Central recém-inaugurada com uma gama de atividades de lazer e esportes. Essa, ao contrário, quer na diversidade cultural, reunir as pessoas, ser um lugar de descanso e de admiração das artes.

Os prédios, por sua vez, conectados pela marquise azul, marcam seu limite, ao mesmo tempo em que deixam claras as funções pelas suas altivezes, em uma conversa entre o antigo e o novo. A marquise tem ainda uma segunda função: ela faz uma conexão que era, antes, inexistente entre a av. Rubens Rangel e a praça original. Ela dá passagem entres os dois prédios à avenida, de forma coberta e protegida, da mesma forma que dá acesso para ambas as edificações. As relações entre os espaços abertos e fechados são bem claras nesse projeto, mas, abrem margem também para a experimentação e a descoberta de cada um que for interagir com esse novo espaço público da cidade de Marataízes.

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