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Concursos & Premiações

Uma outra forma de atuação do escritório em projetos de arquitetura/urbanismo/paisagismo é através da participação de concursos públicos e premiações institucionais de projetos. Nos concursos, em especial, tivemos as gratas parcerias com outros colegas e amigos arquitetos, que muito contribuíram com suas ideias e experiências. Abaixo, listamos alguns dos principais concursos e premiações que participamos nos últimos anos, sendo premiados ou não, apresentados através de painéis e seus memoriais completos (clique nos painéis para ampliar).

Premiação IAB/ES 2017 - Categoria urbanismo e paisagismo: Praça do Pontal, Marataízes-ES. Ano de 2015/2016.
Equipe: Fabiano Dias e Avantec Engenharia
MEMORIAL

 

A antiga e tradicional vila de pescadores de Marataízes (ES), localizada na região do Pontal, porta de entrada do município pela Rodovia do Sol (ES-060), possuía uma antiga demanda: a urbanização de um grande vazio existente no centro dessa comunidade. Palco anual da já tradicional Festa da Lagosta, esse grande espaço nunca ofereceu a infraestrutura necessária para esse importante evento gastronômico do Litoral Sul Capixaba, e nem ao menos criava oportunidades de lazer para essa comunidade carente. 


A vida dessa comunidade gira em torno da pesca do pescado e da lagosta como meio de subsistência e fonte de renda (a comunidade é o maior fornecedor de lagosta do litoral capixaba, segundo a Prefeitura de Marataízes). A festa da lagosta é por isso, o marco da produção dessa comunidade, forma de expor sua cultura local, sua culinária, troca de experiências com chefs de cozinha de todo o estado e uma grande atração turística que lota em todos eventos. 


A importância dessa praça, com suas obras finalizadas em 2016, reside na criação de um lugar — físico e simbólico — que fosse, ao mesmo tempo, espaço para eventos culturais ligados à comunidade e ao município e, uma grande área de lazer que atendesse aos moradores do Pontal.   


A Praça do Pontal é, portanto, uma ligação, ou um intermédio físico e simbólico, entre o mar e o rio Itapemirim, dois corpos d’água importantíssimos para a história da cidade de Marataízes, bem como, para a origem dessa comunidade de pescadores.

 
Com uma área construída de 3.032 m² (além do entorno das vias e passeios urbanizados), a Praça inaugurada em dezembro de 2016 apresenta-se como um lugar de múltiplos usos para a comunidade local, bem como para a cidade de Marataízes. 


O vazio urbano original foi urbanizado pensando-se na integração com o entorno edificado (vias existentes, passeios e edificações), seus moradores e seu cotidiano, fatos estes, representados fisicamente no desenho da praça e de seus mobiliários e, simbolicamente, no grafismo de seu piso e nos elementos que se referenciam a vida ligada à pesca. 


 O grande piso central em revestimento cerâmico extrudado colorido, tem como foco a multiplicidade de usos pela comunidade e, especialmente, para festa da lagosta.   Como forma de rememorar e fixar a importância da festa anual da lagosta, a grande área de piso ganhou um desenho de lagosta abstraída por elementos geométricos, pousados em um “mar” de cerâmica extrudada azul. 


 Pórticos em madeira estão implantados nas laterais da praça, posicionados em perspectiva; seu desenho simboliza as velas dos barcos que, historicamente, percorrem esta área atrás do pescado e da lagosta, lançando-se ao mar pelo Rio Itapemirim. Pergolados em madeira de lei foram implantados nos extremos da praça, compondo com o paisagismo arbóreo, áreas de sombreamento para o uso da praça nos horários de sol diário.     Iluminação noturna, play-ground, bicicletários e bancos completam a urbanização, possibilitando, junto com o grande espaço público da praça, um mix de atividades culturais, de lazer e estar para essa comunidade carente. 


O paisagismo é formado por  gramíneas —Grama Esmeralda (Zoysia japonica ), forrações — Vedélias (Wedelia trilobata) e Azulzinhas (Evolvulus glomeratus), e arbustivas — Mini-ixora Rosa (Ixora coccinea "Compacta"), árvores — Chuva-de-ouro (Cassia fistula) e Ipê Rosa (Handroanthus avellanedae) e palmeiras — Palmeira Jerivá (Syagrus romanzoffiana), plantados sobre os canteiros perimetrais da praça, os quais definem a relação de espaços da Praça com os passeios e vias, integrados em nível e pelo desenho do piso com o espaço da praça.

 
As imagens aqui apresentadas da Praça do Pontal, foram tiradas ao longo de um ano de sua inauguração, do final de 2016 até meados do mês de novembro de 2017, quando da primeira Festa da Lagosta ocorrida nesse novo espaço. As fotos, de períodos variados do dia (de manhã cedo, ao entardecer, à noite e aéreas no meio de uma tarde nublada e chuvosa), apresentam ângulos diversos da Praça.  


Antiga demanda dessa tradicional e carente comunidade, a Praça do Pontal de Marataízes faz parte de um complexo de novos espaços públicos projetados para a cidade que buscam, ao mesmo tempo, se conectar localmente e serem espaços coletivos e democráticos.   
 

Premiação IAB 2017
PREMIAÇÃO
IAB/ES 2016

1° LUGAR

Premiação IAB/ES 2016 - Categoria urbanismo e paisagismo: Praça de Vila Nova, Iúna-ES. Ano de 2015.
Equipe: Fabiano Dias e Avantec Engenharia
MEMORIAL

 

A Praça do Bairro Vila Nova faz parte de um complexo de espaços públicos projetados para Iúna, cidade da região do Caparaó capixaba, no ano de 2015. Espaços esses que, quando próximos ao Rio Pardo—eixo de ocupação e crescimento urbano histórico da cidade — voltam-se ao mesmo, abrindo visuais para este importante elemento natural da cidade de Iúna. 


A Praça se desenvolve em eixo longitudinal, criando espaços diferençados, seja pelo piso, pelos níveis ou pela especificidade de cada canto trabalhado neste projeto. 
A grande árvore de Peroba do Campo (Paratecoma peroba), existente no terreno, foi o partido do projeto. Em visita ao terreno, percebeu-se que sua posição estava em alinhamento com a fachada/entrada principal do prédio da Igreja Católica local. Propositadamente ou não, pois não conseguimos informações exatas sobre sua história, essa posição em eixo foi confirmada no levantamento topográfico realizado, e dela tomado partido.  


A Praça do Bairro Vila Nova é um misto de simbologias inerentes ao lugar, de necessidades da comunidade local de um lugar para seu convívio e lazer e, por fim, da volta do olhar da cidade e seus cidadãos quanto a realidade de seu rio e entorno. 


A partir da grande peroba e sua posição central na praça são marcados no solo dois eixos em piso de madeira com uma faixa central em granito. Pedra e madeira marcam este eixo simbólico em cruz, servindo ao mesmo tempo de eixos mediadores dos espaços da praça. A partir do eixo da igreja, tem-se à direita a implantação de uma pequena quadra poliesportiva para a prática de esportes da comunidade com área de estar a sua frente, com bancos e jardins; à esquerda do eixo, um play-ground e espaços para o lazer infantil junto aos pais e pequenas feiras locais.

    
No limite do terreno com a área de mata, no topo da crista do talude que desce ao Rio Pardo, um muro faz a divisa e a necessária proteção das capivaras que residem às margens do rio. Esta faixa de mureta é marcada por outro piso de madeira, que leva até a área do deck de observação do Rio Pardo, no desnível existente a partir da Av. José Lins de Castro. Platôs em piso de madeira vencem os desníveis existentes, até a chegada do deck que se abre ao rio. A acessibilidade é garantida pela presença, em todas as esquinas das vias existentes com o espaço da praça, de faixa elevadas de travessia. Os platôs em madeira possuem degraus em granito e o próprio passeio, paralelo aos platôs, em um declive suave, faz o acesso em rampa para o deck abaixo da praça. 


O paisagismo completa a urbanização com espécies adaptadas ao local, em canteiros baixos, integrados aos pisos, compostos por gramíneas - Grama esmeralda (Zoysia japonica) – e forrações - Azulzinha (Evolvulus glomeratus) e Vedélia (Wedelia trilobata), arbustos - Bela Emília (Plumbago auriculata), árvores - Ipê amarelo (Tabebuia alba) e Manacá da Serra (Tibouchina mutabilis) e palmeiras - Palmeira Jerivá (Syagrus romanzoffiana).   

Premiação IAB 2016
Concurso Internacional de Projeto de Arquitetura para o Museu Exploratório de Ciências – Unicamp (ano de 2009)
Equipe: Fabiano Dias, Clarice Chieppe e André Lima.
MEMORIAL
 

 

O Museu, a Praça e o Pátio.

Este novo lugar da cultura e do conhecimento surge na cidade de Campinas como um elemento que integre ciência e espaços públicos. Aqui, o Museu não faz às vezes de um “container”, um espaço totalmente fechado em si. Espaços abertos e de convívio mútuo como praças, um grande pátio, deck, o café do “pôr-do-sol” com uma grande varanda e uma extensa área verde ao redor interagem com os prédios do Museu sem atrapalhar ou interferir com a concentração e a intimidade necessárias aos espaços museográficos. Estes espaços abertos e de convívio se unem a todo o restante do programa de apoio ao Museu, aumentando sua multiplicidade de uso.

Optando em manter as estruturas existentes no terreno relativas à Praça Espaço e Tempo e ao prédio de apoio próximo a ela, incluímos estas estruturas em um grande complexo de espaços públicos que se dividem em duas praças: a maior, a qual denominamos de Praça da Ciência aonde se encontram a estrutura da Praça do Espaço e Tempo e o prédio de apoio que foi mantido para algum uso a mais que se faça necessário para o empreendimento. A praça menor, a Praça do Desafio, localizada na parte superior do terreno foi reservada para o caminhão da Oficina Desafio e para o espaço de convívio coberto, como área de apoio para ônibus de estudantes ou visitantes que venham participar dos eventos programados periodicamente pela Oficina. Sobre as coberturas circulares do espaço, encontram-se bancos, mesas e pias para o descanso dos participantes da Oficina.  

Sobre a Praça Espaço e Tempo, mantivemos as estruturas de sua administração, mas aumentamos sua função com espaço para a recepção dos visitantes que chegam ao Museu por cima. A partir desta Praça, e, por conseguinte, da Praça da Ciência, tomando o eixo Leste-Oeste marcado pela primeira Praça, chegamos aos prédios do Museu por uma grande rampa que vence o declive do terreno e direciona os fluxos para as áreas expositivas, as áreas de apoio e para o auditório, em primeiro plano. 


•  Da Implantação e partido arquitetônico


Os usos destinados propriamente ao Museu Exploratório de Ciências foram concentrados em duas edificações distintas que estão, ao mesmo tempo interligadas por uma passarela descoberta e separados pelo vazio de uma grande escada que se faz como o outro acesso ao complexo do museu, agora ao nível da rua, completando o acesso pelas Praças Espaço e Tempo e da Ciência.
 A edificação de menor porte fica mais próxima aos espaços das praças e abriga o auditório (3). A edificação principal, de maior porte, fica no limite oeste do terreno, junto à via projetada e abriga os demais usos. 
A proposta de implantação viabiliza dois acessos distintos ao museu:
- No primeiro pavimento (primeiro nível) e junto à via projetada, acesso para os funcionários do museu com estacionamento privativo e parte coberta.
- No segundo pavimento (segundo nível) e junto à via principal existente (que vêm do Campus Universitário) para os visitantes, através de um grande vazio entre os prédios aonde se chega aos mesmos através de uma escada de largura generosa (10 metros) e patamares confortáveis ou, através  da rampa que faz a ligação entre o museu,  as praças e o estacionamento.
A rampa proposta proporcionará ao visitante uma ampla visão de toda área externa e do conjunto edificado. 
A edificação principal possui dois pavimentos com altura de pé-direito de 4,5 metros cada. Junto ao acesso principal fica o acolhimento  do museu, o Hall (6), onde o visitante irá encontrar o setor de informações, o café “pôr-do-sol” (10)com varanda (11) protegida e voltada para o oeste, loja (13) com artigos relativos ao museu, biblioteca (12), sanitários (7), e o acesso para os ateliês (8), a sala de exposição de multimídia interativa (9) e acesso para as exposições, através do espaço da Exposição Permanente. 
As atividades de auditório, de ateliês e de exposição de mídia interativa deverão atender a grupos fechados de forma que a sua localização próxima a entrada (no caso da exposição de mídia interativa) e na área externa, fora do corpo do museu (no caso do auditório) se deve ao fato de que essas atividades irão receber um grande número de pessoas ao mesmo tempo. 
Esta está dividida em dois pavimentos do prédio principal. Seu acesso se faz pelo segundo pavimento (segundo nível) da edificação. O acesso entre os dois andares da Exposição Permanente se faz através de uma rampa com inclinação suave que desce ao primeiro pavimento de exposição (equivalente ao primeiro nível do prédio). Possuindo uma altura de 9,0 metros, esta área expositiva está preparada para a instalação de um avião de pequeno porte e de uma réplica de uma espécie de dinossauro, como solicita o programa. 
A área de Exposição Temporária fica no primeiro pavimento (primeiro nível), com acesso e contígua à área da Exposição Permanente e ao lado da área de armazenamento de material expositivo. É previsto a instalação de bilheteria no acesso a este espaço de exposição. 
A área técnica (17) e administrativa (22) foram todas concentradas no primeiro pavimento (primeiro nível) de forma a facilitar o acesso dos funcionários, o controle da carga e descarga e a organização das áreas de manutenção, de depósito e segurança. O acesso desta área para o segundo pavimento (ou segundo nível) pode ocorrer através das áreas de exposição do museu, o caminho mais longo, ou através de escada de serviços, o caminho mais curto, ou  ainda através do elevador de cargas que atravessa os dois andares, chegando ao terceiro nível aonde encontramos o espaço do observatório (21).
O auditório (3), com capacidade para receber 300 pessoas sentadas, possui um generoso patamar intermediário com palco móvel permitindo a sua redução para metade da sua capacidade. A redução pode ser feita através de painéis móveis que ficariam guardados em um espaço junto ao auditório ou de forma ainda mais simples, podendo ser reduzido somente através de recursos luminotécnicos.
Na área externa, a frente do prédio principal e ao redor da Praça Espaço e Tempo encontram-se estacionamentos distintos para funcionários e visitantes, com mais de 100 vagas ao todo para veículos. As praças e o pátio, interligados pela rampa, se conectam com o objetivo de darem suporte externo ao Museu, oferecendo espaços abertos que possam abrigar exposições científicas, feiras, experimentos com os elementos naturais, palestras ao ar livre, ou mesmo, a simples contemplação do entorno e do passar do dia (ou do sol, com especial destaque para a Praça Espaço e Tempo).


•    Do conforto ambiental e da sustentabilidade do complexo

Ao tomarmos como partido os eixos Leste-Oeste e Norte-Sul para orientar os acessos e a implantação dos prédios, tendo como referência os próprios eixos da Praça Espaço e Tempo, tivemos o cuidado de proteger as fachadas ensolaradas já que estas orientações recebem o sol o dia inteiro (excetuando a orientação Sul). Aberturas surgem, mesmo que protegidas, aonde se quer  se privilegiar da paisagem circundante, ou como no caso do Café do “Pôr-do-sol”, fazer jus ao seu nome. As áreas de exposição possuem um controle maior da incidência direta do sol, com grande panos de alvenaria revestida, no máximo se permitindo abrir para o Pátio da Ciência, criando assim a relação direta com este espaço aberto  e se tornando um momento de respiro para o espaço fechado das exposições. Criamos uma ligação direta ao pátio através dos espaços das exposições que se encontram no primeiro nível. Os vidros desta fachada se encontram recuados, possibilitando o sombreamento dos mesmos do sol incidente. Este recuo também possibilita a criação de uma pequena varanda criando um espaço de transição entre o interior do prédio e a área externa. Tomadas de ar nas partes superiores das fachadas Leste-Oeste fazem a troca do ar interno, diminuindo a carga térmica do prédio e economizando energia no condicionamento do ar. Já o prédio do auditório, por conta de seu uso foi mantido como uma caixa fechada, sem aberturas para o exterior, a exceção da porta de saída e entrada que dá para o foyer no exterior. Todo o fechamento dos prédios é composto de painéis cimentícios, e revestidos externamente com placas de pedras de acabamento rústico. O espaço entre os painéis externos e internos, cria um colchão de ar que ajuda na manutenção de temperaturas agradáveis dentro dos ambientes. 
Para efeitos de conforto térmico considerou-se que a ventilação predominante na fachada sudoeste irá diminuir consideravelmente o ganho térmico na fachada oeste, em virtude da condução térmica do ar.

A mesma insolação direta sobre os prédios e suas fachadas é menos uma desvantagem e mais um partido energético e de sustentabilidade para se aproveitar. Por conta da orientação dos prédios no sentido Norte-Sul, ou seja, recebendo a insolação direta o dia inteiro, propomos então a instalação de placas fotovoltaicas na laje do segundo nível, voltados para o Norte, captando assim o máximo de energia possível e transformando-a em economia para o próprio prédio.

 Além disso, pelas extensões das superfícies que serão pavimentadas ou cobertas em todo o complexo, propõe-se que se faça a capitação das águas das chuvas de forma a serem reservadas em cisternas ao redor do pátio e reutilizadas para usos cotidianos do prédio, como a irrigação dos jardins, nos vasos sanitários, em experimentos que usem água, etc. 

A implantação destes prédios, mesmo que em áreas do terreno com relevo um pouco mais plano e suave do que o restante acarretará em alguns cortes e movimentos de terra. A terra excedente deverá ser utilizada no aterro de áreas mais planas como as praças e o pátio, e as rochas que forem sendo encontradas, serão desmontadas e reaproveitadas em todo o paisagismo do entorno.

•    Das estruturas, vedações e revestimentos.

Partimos desde o princípio para a racionalização das estruturas para que as mesmas adquirissem uma linguagem clara e simples, marcando os ambientes (principalmente os das exposições), mas sem concorrer com os mesmos. Pilares de concreto armado cilíndricos e retangulares formam vãos de 7,50 metros, 10 metros, 15 metros e de 22,50 metros. Os vãos de 7,50 metros, 10 metros e 15 metros serão vencidos por vigas metálicas e lajes mistas de concreto e aço (steel deck). Os vão de 22,50 m  serão vencidos por vigas metálicas treliçadas que amarram a estrutura, além de suportar os forros e todas as instalações. 
O prédio é coberto por telhas termoacústicas em aço zincado do tipo zipado, estanques e também de rápida montagem. 
Mesmo que em nossas imagens geradas para o prédio o mesmo assuma uma cor branca (como em uma maquete de papel, o que foi proposital), propomos que todos os prédio sejam revestidos por placas de pedra com acabamento rústico (apicoado ou flameado), como um granito ou um arenito. Existe a possibilidade também de se especificar um revestimento cerâmico em grandes placas ventiladas (o que também ajudará no condicionamento interno do prédio) já existentes no País para comercialização. Limitamos a utilização de panos de vidros como divisórias de certos ambientes, nas fachadas voltadas para o pátio e até para a iluminação do setor de administração, que mesmo voltado para o Norte, possui seu pano de vidro recuado e protegido por uma grande moldura em concreto armado. 
Do lado oposto, na fachada sul, esta possui um grande pano de vidro que terá  mecanismos para controle de ventilação. As grandes dimensões desta abertura, localizada no final das áreas de exposição,  facilitarão a entrada e instalação do avião que está previsto para o museu. O transporte interno e a montagem das exposições será feito por empilhadeiras e caso haja necessidade, a estrutura está prevista para suportar pontes rolantes nas áreas expositivas.
 

 

Museu Exploratório
Premiação IAB/ES 2006 - Categoria arquitetura: Igreja Evangélica Ide em Jardim Camburi. Ano de 2006.
Equipe: Fabiano Dias
MEMORIAL

 

Os espaços religiosos, independentes de seu credo, se caracterizaram por serem espaços únicos dentro da história da cidade. São pontos focais de atração das pessoas e motivo de surgimento de muitas outras cidades em Eras passadas. A fé cristã tem nos propiciado belos exemplares de espaços de adoração e devoção, sejam os carregados de simbolismos das igrejas e catedrais católicas ou sejam os desprovidos de imagens e com a clareza espacial e  singeleza das igrejas e templos evangélicos.


Em seu espaço para culto as igrejas são, em última estância, o símbolo máximo, aquilo que aproxima o homem de sua fé, o lugar simbólico de sua proximidade com Deus. Mas, muitas das igrejas católicas e evangélicas “pecam” ao oferecerem espaços inadequados aos seus fiéis, espaços esses onde a permanência e o convívio devem ser estimulados tanto pela fé como pela qualidade do espaço arquitetônico. Como lugares únicos a arquitetura religiosa precisa entrar em acordo com a fé que abriga bem como com o seu entorno, já que sua importância como o centro simbólico da cidade (algo tão marcante nas cidades da Idade Média) foi deslocado. Cada bairro possui um sem números de igrejas que proliferam dando a mínima importância para a construção do espaço do culto. Preocupam-se em acomodar o máximo de pessoas no menor espaço possível, ou ainda, do outro lado da moeda, propõem grandiosas obras em lugares totalmente inadequados. 


Para a sede da Igreja Evangélica Ide, no bairro de Jardim Camburi (próximo ao Parque Municipal “Fazendinha”), propõe-se um olhar crítico no atual estágio dos espaços religiosos e sua relação com seus fiéis e seu entorno. De início, não há por parte dos integrantes desta igreja a preocupação da quantidade de pessoas a utilizarem, mas sim, a qualidade do espaço oferecido aos mesmos. Com este pressuposto, não se pretende construir então, uma igreja que abrigue o máximo de pessoas possível, mas um espaço construído que possa oferecer a possibilidade de cultos para que seus fieis se sintam à vontade, em comunhão, de forma a constituir uma pequena comunidade em torno de sua fé, sem que para isso se fechem em si ou em seu espaço. Desta forma, o prédio ao mesmo tempo em que busca sua relação com seu entorno sem negá-lo, foi projetado para não agredi-lo, seja pela sua implantação, sua forma ou pelas proteções contra os sons internos que possam oportunar, de alguma forma, seus vizinhos. Em sua planta retangular, erguida em blocos de concreto estrutural aparentes, a igreja assume uma linguagem que busca na simplicidade (sem ser simplista) e na racionalidade dos materiais empregados, a beleza necessária para se expressar no lugar. A robustez de suas formas quer se marcar no lugar, ser algo sólido, firme na terra e assumindo-se como um lugar marcadamente voltado para a fé. 


O programa desta Igreja resume de forma modesta,  espaços sagrados de um templo cristão: o Átrio, a Nave e o Altar. Completam-na outros espaços de apoio, como salas de aula e da Pastora-Presidente , uma copa-cozinha e sanitários para os fiéis. Além disso, externamente foram concebidos pátios com bancos para a reunião e o encontro dos fiéis, antes ou depois dos cultos, bem como um batistério nos fundos da Igreja para o batismo dos novos fiéis. 


Com pouco mais de 285 m² e em dois pavimentos, esta pequena igreja tem  na expressão dos materiais a medida de sua simplicidade e singeleza. Blocos de concretos estruturais aparentes e envernizados compõem a maior parte de sua estrutura. Os panos de vidros duplos e o volume branco da nave que se sobressalta do corpo da Igreja formando brises de lajes e pilares, se contrapõem a rigidez da estrutura. Completando a estrutura, vigas metálicas “amarram” os lados da Igreja. Um grande forro acústico trabalha a absorção dos sons que saem da Igreja, enquanto um outro forro curvo trabalha na acústica dos cultos. Nas paredes, carpetes e gesso se intercalam completando a acústica interna da Igreja. 


A busca aqui é a da fé expressa em um espaço arquitetônico apropriado aos seus fiéis e ao lugar.

Premiação IAB 2006
Premiação nacional

3° LUGAR

Concurso Público Nacional de Arquitetura e Urbanismo para um Shopping Center na UNISINOS (ano de 2005)
Equipe: Heraldo Ferreira Borges, André Victor de Mendonça Alves, Fabiano Vieira Dias e Fabrício Sanz Encarnação.
MEMORIAL

A intenção

O projeto surge do desejo de manter o espaço interno do edifício criando uma grande Ágora [Do gr. agorá < s.f. 1. Praça das antigas cidades gregas, na qual se fazia o mercado e onde se reuniam, muitas vezes, as assembleias do povo] contemporânea: o real espaço da unicidade.

Da Sedução

A sedução desperta o desejo para aquilo que não é nosso interesse. É uma força que nos impele para outra direção. É tão forte que é capaz de mudar o sentido das coisas. Seduzir é desviar o outro da verdade. E ao nos desviar produz à força de um enigma a resolver. É um poder tão forte como qualquer outra forma de poder, ou mesmo mais forte que os demais, uma vez que queremos ser seduzidos. Poder de atração e de distração, poder de absorção e de fascinação, poder de destruição do real, um lance de graça e violência velada. O marketing domina perfeitamente o poder da sedução, sua qualidade iniciática está no não dito, sabe que nesse jogo não existe sujeito e objeto, apenas uma incompletude. Não existe interesse para com a realidade.

Da mesma forma que a magia de um mágico reside no segredo de suas ilusões, que se reveladas perdem o encanto. A arquitetura perdeu muito da sua força, racionalizada, sistematizada e lógica, ela foi despida. Algumas obras são elegantes e belas de serem apreciadas mesmo na sua nudez, mas a grande maioria não passa de um trambolho desajeitado. Leonardo da Vinci também conhecia o poder da sedução e afirmava que o bom arquiteto é aquele capaz de exprimir o sorriso de uma mulher na sua obra. Tal sedução é expressa pelo sorriso enigmático da Monalisa, que até hoje seduz o mundo. O shopping deve ser o espaço da sedução, muito diferente de um espaço sedutor. Aqui não há nem ativo, nem passivo, ela atua nas duas direções, e ninguém as limita ou separa. Ser seduzido é a melhor forma de seduzir. Não deve apenas absorver as pessoas, mas também ser absorvido por elas. Na realidade as pessoas não vão ao shopping simplesmente pelo conforto e praticidade, ou ainda para ver e serem vistas, de forma passiva, estão lá para seduzir e serem seduzidas.

A essência

Volumes

Para atender ao programa de necessidades e também como forma de se preservar o espaço central para uma grande praça/Ágora, criamos novos volumes que ocupam parte dos limites externos definidos pela organização do concurso, onde se encontram mais destacadamente o volume dos cinemas, do supermercado e da loja âncora.

Superfícies

Toda a vedação do shopping, tanto interna como externa será feita com blocos estruturais de concreto, recebendo um revestimento simples, a base de reboco e pintura com tinta acrílica. Limitamos a presença do vidro no exterior, de forma a criarmos nas pessoas a vontade de entrar e descobrir o interior do shopping, seus espaços, suas lojas, suas cores, luzes, suas mutações. Além disso, o vidro está presente nas vitrines, ocupando toda a frente das lojas, bem como na grande cobertura que fecha a Ágora, trazendo para dentro, de forma controlada, a luz natural do sol.

Cobertura

A grande cobertura que se sobressai sobre o shopping, possui duas camadas de vidros, sendo que entre ambas foram colocadas uma sequência de brises horizontais que controlam e filtram a entrada direta da luz solar para dentro da Ágora. Toda a cobertura de vidro está apoiada em perfis metálicos em forma de treliça espacial que descarregam todos os esforços sobre quatros enormes pilares de concreto. O encontro da nova cobertura com o telhado original é feito por placas de vidros verticais que se ajustam ao desenho triangular do telhado “plissado”, sendo que parte destes painéis possuem mecanismos de abertura pivotante automática para criar um sistema de ventilação forçada.

Espaço excêntrico

A “Coisa”

Ao se adentrar ao espaço da Ágora, no centro do shopping, a primeira vista, deslocado do centro deste espaço encontramos um corpo estranho, um objeto de formas não definidas ao gosto geométrico, no qual se encontram o restaurante e a área de lazer. A “coisa” como carinhosamente o apelidamos é propositalmente uma excentricidade, na medida certa da duplicidade do termo, pois se encontra fora do centro do espaço da Ágora, deslocado no canto da vista de quem chega como se quisesse ser descoberto por um relance, e é excêntrico em sua forma, algo indefinido, não euclidiano, algo ao mesmo tempo estranho e engraçado para aquele espaço, estando lá pousado para ser descoberto, percorrido e tocado. Uma forma estranha dentro de uma organização espacial de um shopping e se definir na imaginação de cada um, que incita a curiosidade e desejo de conhecê-lo.

As nuvens

Sob a estrutura treliçada da cobertura de vidro da Ágora, penduramos alguns “móbiles” em forma de nuvens, construídos com perfis tubulares de aço e lona que flutuam recriando um céu fantasioso e colorido, além de sua função como elementos de controle acústico.

A topografia

O piso da Ágora se apropria da simbologia de um espaço natural ao adotar elementos geológicos artificiais como forma de composição espacial. Rochas, precipitações, pequenos lagos e montinhos recriam a visão de algo que quer se aproximar do mundo exterior sem nunca sê-lo verdadeiramente e nem copiá-lo. São elementos que remontam imagens de uma paisagem exterior, mas são descaradamente artificiais. Um grande tapete de grama sintética recobre uma grande área deste espaço, acompanhando as ondulações e imperfeições do piso; um outro piso monolítico marca alguns caminhos e trajetos que recortam a agora, e a água, em seu estado natural, esta presente em pequenas lâminas formando lagoas rasas o bastante para se molhar o pé.

A marquise

Uma grande marquise se estende do terminal rodoviário indo até a entrada principal do shopping. Sua forma sinuosa surge para quebrar a grande extensão da cobertura, protegendo e orientado o acesso e os olhares ao shopping. Formada de perfis de aço calandrado e chapas metálicas de fechamento, apoiadas em pilares de desenho irregular a grande marquise conduz as pessoas por um percurso que se contrapõe entre um piso plano e de pouca inclinação para vencer o relevo existente e a sinuosidade da cobertura que se movimenta como uma ondulação. Com este mesmo desenho, a marquise se estende até o terminal rodoviário criando um elemento que ampara as pessoas desde sua chegada.

Diretrizes projetuais

Levando em conta o orçamento disponível, a realidade construtiva e cultural brasileira e o conceito de “pegada ecológica”, nosso projeto conscientemente abre mão do uso de tecnologias inovadoras, não se fazendo valer desses recursos como fim.

Adotamos para a estrutura dos anexos a alvenaria estrutural que é largamente difundida podendo utilizar mão-de-obra local. Ou até mesmo, formar mão-de-obra especializada através de cursos ministrados pela UNISINOS, criando condições para que a população das redondezas se beneficie do empreendimento de maneira direta, garantindo assim a sustentabilidade econômica da região.

Devido às limitações de pé-direito, as instalações foram dispostas de forma a serem sempre facilmente acessadas e mantidas, por isso seguem pelas galerias técnicas e pelo piso suspenso do mall subindo e descendo através de shafts.

Instalação elétrica

A instalação elétrica é alimentada a princípio pela concessionária local e por geradores à gás natural, transformadores existentes ou novos a seco e gerador de emergência.

A iluminação foi pensada não só para economizar energia mas também para não aumentar a carga térmica desnecessariamente. Adotou-se luminárias de alta eficiência e rendimento com lâmpadas fluorescente e reatores eletrônicos de alto fator de potência controladas por sistema com controle fotoelétrico. O ganho com este sistema é progressivo uma vez que tende a diminuir o gasto com energia e aumenta a vida útil das lâmpadas.

Instalação Hidrossanitária e Pluvial

A instalação hidráulica é composta de dois grandes reservatórios de água potável abastecidos pela concessionária com reserva técnica para os sprinklers e hidrantes e duas cisternas localizadas no subsolo para a água de reuso.

O esgoto sanitário e a rede de águas pluviais são conectadas a uma central de tratamento localizada no subsolo.

Condicionamento natural

Analisando os dados bioclimáticos para São Leopoldo, se percebe a grande variação climática ao longo do ano caracterizado por estações bem definidas.

Em 22% das horas do ano haverá conforto térmico, enquanto que no restante (78%) o desconforto se divide entre 26% gerado pelo calor e 52% gerado pelo frio.

A partir disso tomamos algumas medidas construtivas e arquitetônicas visando garantir o conforto dos usuários a maior parte do tempo possível, como por exemplo, o uso de alvenarias isolantes nas paredes externas dos volumes, o uso de vidros com alta transmitância de luz diurna, baixa absorção térmica e controle adequado de raios UV, a garantia da ventilação cruzada no verão e o isolamento do edifício no inverno.

Climatização / Aquecimento

Como já foi dito o edifício foi pensado racionalmente para evitar a entrada da luz e do calor direto do sol. Apesar das medidas arquitetônicas para minimizar a carga térmica, o volume a ser climatizado/aquecido é muito grande. Por isso, foi adotado o sistema de água gelada com a utilização de chillers por absorção alimentados pelo calor gerado pela queima do gás natural.

Poderiam se realizar estudos junto ao Departamento de Engenharia Elétrica da UNISINOS para a utilização de aparas de madeira, uma vez que o parque moveleiro é muito forte no Rio Grande do Sul. Em países árabes, há uma versão que utiliza captadores solares para a geração do calor.

Diretrizes de sustentabilidade

Apesar dos nossos estudos e propostas, acreditamos que seja fundamental o diálogo e a participação,principalmente, dos Departamentos de Engenharia. A idéia é que este empreendimento tanto na etapa de projeto como na etapa de execução se transforme num grande “laboratório” da UNISINOS.

Materiais

A partir do conceito de “pegada ecológica” foram levados em consideração três aspectos: transporte, perdas e manutenção.

A maioria dos materiais empregados são facilmente encontrados no sul do país.

O concreto utilizado na obra é do tipo CPII-E ou CPIII feito de escória de alto forno siderúrgico com agregado reciclado de concreto proveniente de demolição. A própria UNISINOS poderia gerenciar estas soluções, uma vez que faz parte do Projeto Reciclar para Construir.

O piso interno das circulações é de borracha feita a partir da reciclagem das sobras de fábricas de chupetas.

Água

Além do abastecimento proveniente da concessionária, equipamos o shopping para reutilizar a água do esgoto sanitário e da chuva. Apesar do uso para consumo demandar equipamentos muito caros que inviabilizariam o empreendimento, essas águas serão tratadas e armazenadas em cisternas específicas para rega de jardim, lavagem de pisos e esquadrias, descarga dos vasos sanitários, abastecimento dos espelhos d'água e do sistema de ar condicionado / aquecimento.

O esgoto sanitário será lançado num sistema composto por filtros anaeróbicos que conseguem eliminar de 90 a 96 % da DBO (demanda bioquímica de oxigênio).

A água da chuva será captada pelas calhas e lajes do shopping. Após o descarte da “primeira água”, ácida e cheia de impurezas, ela será lançada num filtro autolimpante e finalmente será armazenada e clorada.

Estão previstos dois reservatórios superiores para a água potável abastecidos pela concessionária e duas cisternas para a água tratada de reuso.

Energia

Após vários estudos chegamos a conclusão de que as tecnologias alternativas de produção de energia são caras (eólica) e/ou limitadas (fotovoltaica) para um empreendimento deste porte e localizado dentro do perímetro urbano.

Apesar do relativo alto custo inicial, acreditamos que a melhor solução a médio e longo prazo é a co-geração aliada a um sistema de climatização por absorção.

A co-geração é um sistema que gera energia elétrica e a vapor, de forma simultânea e em série, a partir de um único combustível, no caso o gás natural. O processo é simples. Motores movidos a gás natural geram energia elétrica e os gases de escape são ligados a uma caldeira de recuperação de calor. Essa caldeira é usada para alimentar máquinas de refrigeração pro absorção, que transformam calor em frio.

O combustível utilizado é o gás natural. Seu fornecimento é estável e trata-se de uma energia limpa, não poluente, pois o gás natural queima totalmente, sem deixar resíduos na atmosfera. Além disso, representa uma economia em torno de 50% no gasto com energia elétrica.

Atualmente, a utilização da co-geração vem crescendo substancialmente entre os grandes consumidores de energia, como indústrias e shoppings.

A ideia é que a princípio o shopping utilize a co-geração nos horários de pico quando as tarifas são excessivamente elevadas. Estudos se fazem necessários para um gradual aumento da relação concessionária x co-geração visando no futuro uma possível autossuficiência energética e a possibilidade de venda do excedente. O empreendimento ficaria assim livre do racionamento e teria um ganho progressivo na economia via preço.

UNISINOS
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