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Arquitetura - Outras tipologias

Apresentamos aqui, outros projetos de arquitetura (públicos e privados) com usos diferenciados e particulares, com escalas diversas e relações variadas no meio  urbano onde se inserem. 

Mercados de Pescados
Centro de Visitação e Administração APA Tartarugas, Anchieta-ES (ANO de 2021)

Introdução

Localizado entre dois corpos d’água – o mar do litoral da cidade de Anchieta-ES e o rio Parati -, o terreno para a sede da Unidade de Conservação Municipal – UC Área de Proteção Ambiental Municipal Tartarugas – “APA Tartarugas” é uma área de privilegiada beleza cênica natural, incrustada no meio urbano. Com área total de 3.560,01m², o terreno da sede da APA Tartarugas é parte do complexo marinho da APA, que compreende uma área de 10.921 m² em uma extensa faixa litorânea da cidade de Anchieta.

Além de fazer parte da APA, o terreno pela sua vizinhança com o rio Parati também possui área de APP (Área de Proteção Permanente), definida pela SEMAM-PMA como uma faixa de 30 m a partir das margens do rio, além de área da União, definidas em planta. O terreno em si, é coberto ainda por uma reminiscência de vegetação de restinga antropizada, misturada à coqueiros, bananeiras e castanheiras que se proliferaram pela área. As margens do rio ainda mantêm parte de sua vegetação natural, mesmo que do lado contrário ao terreno, existam antigas ocupações que margeiam o rio.

A proposta a seguir, desenvolvida para a sede da APA Tartarugas, segue as diretrizes preconizadas pela Secretaria de Meio Ambiente de Anchieta no que tange tanto a ocupação do terreno, quanto das infraestruturas necessárias para o seu funcionamento. Há um equilíbrio entre espaços abertos e livres para a circulação dos visitantes, tanques de tartarugas residentes, resgatadas e filhotes (objeto dessa UC), edificações do Centro de Visitação, prédios de apoio e de infraestrutura de reserva de água tratada para os tanques. Além disso, em sintonia com as diretrizes da SEMAM, a sustentabilidade é a tônica e um dos partidos urbano-arquitetônico desse projeto.  

A Proposta

A proposta se desenvolve em torno de premissas básicas que nortearam esse projeto: primeiro, o programa de necessidades, extenso em ambientes em comparação a área possível de edificação dentro da UC (aprox. 1601 m²) excluindo as áreas de APP e da União; segundo, o próprio encanto do lugar com sua frente para o mar e ladeando o rio Parati, importantíssimos elementos hídricos para o tema do projeto; terceiro, as questões ambientais inerentes a condição da área e às diretrizes de sustentabilidade preconizadas pela SEMAM para esse projeto; e, por último, e não mesmo importante, as tartarugas marinhas que dão o nome a esta Unidade de Conservação. Duas espécies são mais presentes no litoral de Anchieta: a Tartaruga Verde (Chelonia mydas) e a Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), a primeira utiliza o litoral para sua alimentação e a segunda, para a desova.

Para adequar o programa de necessidades ao exíguo espaço edificável do terreno, foi necessário dividi-lo em 03 edificações que se completam, descritas a seguir:

  1. Prédio Central com os seguintes ambientes:

    1. Hall de entrada e exposições (térreo): área de recebimento e acolhimentos dos visitantes à UC e para a exposição educativa tanto sobre espécimes marinhos como de valorização da cultura local, muito ligada à tradição da pesca;

    2. Aquário (térreo): pequeno aquário embutido em parede com área ao redor para manutenção e limpeza constante, que se completará à área de exposições;

    3. Áreas de apoio de cozinha /refeitório para funcionários e depósitos para guarda de material da UC (térreo);

    4. Mini auditório  para 50 lugares (térreo): que servirá para orientações e educação ambiental para os visitantes, principalmente, alunos das escolas de Anchieta e redondeza, além de servir internamente ao centro como sala de reuniões da direção com os funcionários;

    5. Sanitários públicos (térreo): bloco de sanitários masculinos, femininos e PCDs que pode ser utilizados tanto internamente pelos visitantes do prédio central como externamente (possui dois acessos);

    6. Área Administrativa (primeiro pavimento): com salas para o setor administrativo da sede, além de almoxarifado

  1. Prédio de manejo e pesquisa que contará com os seguintes ambientes:

    1. Pequeno hall de recepção;

    2. Loja de produtos e lembranças da UC e outros;

    3. Dois sanitários PCD’s;

    4. Copa/cozinha;

    5. Sala administrativa

    6. Sala de triagem.

  2. Prédio de apoio:

    1. Sanitários e vestiários femininos e masculinos;

    2. Sanitários e vestiários PCD’s

    3. Sala de peixes: para conserva e tratamento de peixes que servirão de alimentos às tartarugas da sede;

        4. Consultório veterinário: espaço para atendimento veterinário às tartarugas residentes, filhotes e resgatadas.

As áreas externas completam o complexo edificado, com áreas de passeio ao redor dos tanques das tartarugas, áreas de circulação que se conectam às trilhas propostas sobre a área de proteção do rio Parati, além das áreas de estacionamentos e do portal de entrada com guarita.

As concepções estéticas para o projeto foram um mix de referencias do lugar, do uso, das expectativas da SEMAM e do contexto e entorno urbano e natural. As formas arquitetônicas e urbano-paisagísticas assumem um desenho sinuoso, curvilíneo e de traço mais solto ora se adaptando ao contexto natural, ora o desenhando. A Arquitetura em si, toma como referencia a ideia primitiva do abrigo humano a partir do conceito da casca, ou melhor, do casco da tartaruga. A partir do desenho ou perfil do casco pensou-se em uma estrutura simples de laje-casca coberta por terra e grama, apoiada em poucos pés-patas, onde as funções, em clara organização funcional, racional e direcional estivessem acopladas a essa casca.

A concepção da laje-casca está presente nos 03 prédios que compõem a sede da APA Tartarugas: o prédio central e principal da UC com toda a área de acolhimento, exposição e administração da APA; o prédio de manejo e pesquisa, menor em tamanho e escala e o prédio de apoio, implantado perpendicularmente aos outros dois.

Ligando os dois primeiros há uma laje baixa que orienta o fluxo, seja para o interior como para o exterior da UC e que também prepara os visitantes tanto para o pé-direito duplo da área interna do prédio principal como também para as áreas abertas dos tanques de tartarugas, ao mesmo tempo que se torna abrigo para o fim do percurso: orienta-se os visitantes pelo interior do prédio principal, levando-os pelas exposições; segue-se para o mini auditório de piso escalonado para aulas de educação ambiental com palestras e/ou vídeos educacionais; sai-se pela “cauda” da casca, área coberta e de transição para a visita guiada em direção às trilhas da área de proteção do rio Parati, que conduzem os visitantes ao ar livre e à proximidade com o rio Parati e fecha-se o percurso em torno dos tanques de tartarugas e à laje de cobertura para se conhecer o prédio de manejo e pesquisa e sua lojinha de artesanato e lembranças.

A sustentabilidade está inserida no desenho com um de seus partidos arquitetônicos e urbano-paisagísticos. O teto verde além de cobertura e proteção natural da laje, também é um elemento de controle térmico ao diminuir até em 06 graus as temperaturas internas. Ventilações cruzadas superiores, pelos panos de vidro de ambas as fachadas longitudinais completam a retirada do calor interno, mantendo o ambiente sempre fresco e ventilado. Além disso, a orientação solar de ambas fornece luz natural ao longo de boa parte do dia. Placas fotovoltaicas poderão ser instaladas sobre o teto verde para a captação e transformação dos raios do Sol em energia, diminuído o gasto energético dos prédios, além da captação de água das chuvas para reuso, processos esses de eficiência energética que farão parte da educação ambiental oferecida pela UC.

Externamente, os pisos serão todos permeáveis, parte em decks de madeira (será avaliada a possibilidade financeira do uso de madeira ecológica) e outra em placas de concreto permeável para se evitar ao máximo a retenção de águas das chuvas.

Os volumes edificados se alinham ao desenho urbanístico e paisagístico para criar uma exepriencia que une tanto a educação ambiental, a preservação marinha como também a cultural e a história desse lugar. A ciência não é tratada nesse projeto como algo aparte da vida cotidiana, mas, como elemento da cultura como conhecimento adquirido por um povo, reconfigurado e transformado em Arquitetura. O projeto aqui apresentado é uma resposta ao lugar de sua inserção, ao meio em que está e com o qual conversa de várias maneiras como descoberta. Essa é a graça da experiência: descobrir!

Referencias:

IPCMAR. Disponível em: < https://www.facebook.com/ipcmar/>. Acessado em 04 nov 2021.

SEMAM-PMA. Proposta conceitual de diretrizes para construção da sede da apa tartarugas “centro de visitação e administração APA Tartarugas”. Parati – Anchieta/ES. rv.02- 14/09/21. Texto enviado por e-mail.

TAMAR. Disponível em: < https://www.tamar.org.br/>. Acessado em 04 nov 2021.

Base Inteligente de Segurança Pública Olho Vivo, Serra-ES (ANO de 2022)

O projeto para a Base Inteligente de Segurança Pública Olho Vivo, do Município da Serra (ES), tem como premissa duas constantes em seu repertório conceitual: primeiro, marcar de forma física e simbólica a presença do Estado com sua implantação estratégica, e segundo, tomar seu entorno e contexto como referência para essa mesma fisicalidade e simbolismo.

A implantação desse complexo de segurança, que une em sua edificação três setores ligados à segurança pública municipal – a Secretaria de Defesa Social (SEDES) e o seu Departamento de Operações de Trânsito (DOT) e Guarda Civil Municipal (GCM) -, foi feita de forma estratégica ao utilizar um grande terreno vazio urbano central, localizado entre as avenidas Central B e Talma Rodrigues Ribeiro, conectando a região de Laranjeiras à Jacaraípe.

Em uma área de 16.215,88 m² a Base Inteligente de Segurança Pública Olho Vivo foi implantada em duas etapas: os blocos principais que abrigam o SEDES, o DOT e ao GCM e os blocos de apoio e treinamento dos agentes do DOT e GCM. Os blocos principais são constituídos por três blocos unidos em formato de U que distribuem as funções da seguinte forma: um acesso central no térreo que distribui as funções para os blocos laterais e os pavimentos superiores; á direita do acesso o bloco da GCM que distribui suas funções em dois pavimentos, inclusive com a área para a Corregedoria; à esquerda, o terceiro bloco que tem no térreo a sede do DOT e o bloco do refeitório coletivo e no pavimento superior, a área de videomonitoramento e a área de convívio (acima do refeitório); e, acima do acesso principal, a sede da Secretaria de Segurança Social.

A área de apoio e treinamento dos agentes da GCM e DOT é um complexo posterior aos blocos principais e separado pela área de estacionamentos públicos (com acesso controlado por guarita) e a pista de corridas, que forma um anel contendo, além dos estacionamentos privativos das viaturas, os blocos de dormitórios e vestiários, salas de instrução, supervisão e depósito, o bloco da sala de música (para ensaios da banda da GCM) e, por último, os blocos de academia e artes marciais e o estande para a prática e treinamento do uso de armas de fogo dos agentes da GCM e DOT.   

Os blocos principais buscam referencias em vários modelos consagrados de prédios institucionais em sua distribuição pavilhonar e nas estruturas em pilotis moduladas, que oferecem ao conjunto a possibilidade de layouts flexíveis futuros. Além disso, essa distribuição pavilhonar que toma o terreno como referência teve, também, que se adaptar a incidência direta do sol em suas fachadas. Para tanto, projetou-se uma estrutura anexa às fachadas formada de painéis metálicos micro perfurados, que além de filtrarem o calor da incidência direta do sol, mantém a privacidade das atividades do do dia a dia de trabalho, aproveitando-se o máximo da luz natural do sol (sem o seu calor). Além dos painéis micro perfurados e os vidros das aberturas das fachadas, dois outros materiais participam dessa composição: a pedra e chapas de alumino composto. Pequenas placas de Pedra Madeira marcam as fachadas de duas partes importantes do complexo: o auditório (que possui entrada tanto pelo acesso principal como pelo lado externo) e o refeitório. Como são as duas áreas de maior concentração simultânea de pessoas no complexo, optou-se e dar-lhes um revestimento mais “quente” da pedra em tons amarelados, enquanto todo o restante dos blocos principais é revestido em placas de alumínio composto, fixados nas fachadas em estruturas autoportantes, nas cores azul e branco.

Reservou-se para a área de convívio, acima do refeitório, a vista mais privilegiada de todo o complexo: a do Mestre Álvaro, marco físico-geográfico histórico do Espírito Santo que mesmo à distância, domina a paisagem de quem o observa das áreas abertas e cobertas da área de convívio.

Os blocos de apoio e de treinamento tomam seu entorno imediato como referência: a implantação desse complexo em meio a um dos mais importantes setores industriais do Estado não poderia negar essa estética mais ágil e funcional em suas estruturas, marcadamente expressa em suas coberturas e fechamentos. Os pilotis agora suportam uma cobertura independente dos blocos de apoio e treinamento melhorando a ventilação e a qualidade térmica dos ambientes internos.

Toda a preocupação com a proteção das fachadas contra a incidência direta do sol, como meio de se aproveitar o máximo de luz solar sem aquecer os ambientes internos (reduzindo o custo de energia com iluminação e ar-condicionado), se completa com a instalação de placas solares de energia fotovoltaica e sistemas de captação de águas das chuvas. A orientação solar de todo o complexo e a extensão de suas coberturas facilitam a instalação de todo um sistema de placas fotovoltaicas para o aproveitamento da energia solar como fonte de energia elétrica renovável. Além disso, as calhas existentes nos telhados captarão as águas das chuvas para serem usadas, por exemplo, em descargas dos vasos sanitários e na irrigação dos jardins que completam o complexo edificado com seu paisagismo. 

A importância da implantação desse complexo de segurança, além de reunir setores ligados diretamente à segurança social pública da Serra em um único espaço, facilitando o acesso e a interação com o morador serrano, é também um marco simbólico na constante luta para se resolver um dos mais complexos problemas sociais brasileiros.

Sede da Guarda Municipal de Vitória, Vitória-ES (ANO de 2018-2019)

A Sede Administrativa da Guarda Municipal de Vitória está localizada na Ilha de Santa Maria, entre as av. Paulino Muller e a rua  Hermes Curry Carneiro. O prédio possui 3 pavimentos e está implantado em esquina, no lugar de uma das antigas edificações da Guarda Municipal de Vitória. O novo prédio irá centralizar as atividades administrativas da corporação. Suas fachadas recebem o sol o dia inteiro, e portanto, foram protegidas por brises metálicos coloridos em um degradê de tons azuis ao branco. O prédio, suspenso em pilotis que se prolongam  até o último pavimento, é embasado por uma pele de cobogós de concreto que permitem a ventilação e a intimidade do pátio interno e do auditório no térreo. Os pavimentos superiores em planta livre, abrigarão toda parte administrativa da Guarda de Vitória. 

Nova cantina e acesso da Faacz, Aracruz-ES (ANO de 2019)

Proposta para uma nova cantina para o prédio Primo Bitti da Faacz, em Aracruz, que inclui um novo acesso para esse setor da Faculdade. O prédio, disposto em planta térrea, conversa com a cobertura construída para a rampa de acesso ao Prédio Primo Bitti da Faacz (ver projeto abaixo). Também por solicitação da direção, essa nova edificação foi pensada em estrutura metálica e fechamento em dry-wall e telha metálica, como meio de agilizar a execução em curto prazo de tempo. 

A área coberta da cantina  contará com espaço para 15 mesas, cantina com atendimento e cozinha e o espaço para a reprografia da Faacz. Como complemento a essa edificação, um novo acesso ao prédio da Faacz foi proposto entre a cantina e o antigo prédio de salas da Faacz (em posição oposta ao prédio Primo Bitti), facilitando a entrada e dividindo o fluxo de pessoas entre esse novo acesso e o acesso original. A nova recepção será construída também em estrutura metálica, a exceção do banheiro PCD que será em estrutura de blocos de concreto estruturais, em formato de torre para abrigar o reservatório de água desse complexo.

 

Sistemas de venezianas metálicas, aos moldes da cobertura da rampa, farão as trocas de calor por ventilação cruzada m tanto da área coberta da cantina, como também, da nova recepção, ambas com pé-direito alto e cobertura em telhas termoacústicas. Um jardim comporá o novo ambiente e uma reforma no muro frontal criará uma relação com exterior, através do vidro proposto. 

Cobertura da rampa de acesso ao prédio Primo Bitti da Faacz, Aracruz-ES (ANO de 2018-2019)

Por solicitação da direção das Faculdades Integradas de Aracruz, elaboramos um projeto de cobertura para a rampa de acesso ao seu principal prédio de aulas (Prédio Primo Bitti). A rampa existente corta a área de convivência dos alunos em dois pátios: um de estar e outro de alimentação da cantina. A cobertura metálica proposta faz a transição entre os dois pátios existentes e protege os que acessam o prédio. A área coberta faz um desenho em "U" conectando prédios vizinhos ao prédio principal. A forma da estrutura surge como meio de se ter um design racional, onde uma única peça faz papel de pilar e viga de sustentação da telha de cobertura da veneziana lateral. Iluminações por arandelas fixas nas estruturas iluminarão o acesso também de forma decorativa. 

Parque de Exposições Alcides Daniel, Viana-ES (ANO 2018)
(Projeto em parceria com a Avantec Eng.)

​Os módulos de galpões (seis ao todo) e de banheiros (dois ao todo) fecham com o projeto anterior do pórtico de entrada, o complexo edificado do Parque de Exposições de Viana. Espaço pensando para um mx variado de eventos, tem na simplicidade das formas e elementos seu partido.

Para facilitar e agilizar a construção de seis galpões com área de 30x48 m cada, utilizou-se estruturas pré-fabricadas em pórticos de concreto armado que fazem tanto o apoio à cobertura de telhas termo-acústicas quanto dos fechamentos frontais e laterais de placas de alumínio azul e de brises laterais brancos.

As estruturas propostas possuem ainda apoio superior para uma ponte rolante, que pode ser instalada em cada módulo de galpão, caso se faça necessário, para montagens de exposições que se utilizem de produtos ou equipamentos pesados para transporte, facilitando assim, a organização de lay-outs internos. 

Como apoio aos eventos, dois módulos padrões de banheiros foram locados nas proximidades dos galpões de exposições. Para eventos maiores, propõem-se o uso de banheiros químicos como complemento ao aumento de demanda de pessoas nesses eventos.

Mercado de pescados de Marataízes-ES (ANO 2016)
(Projeto em parceria com a Avantec Eng.)

 O novo prédio do Mercado de Pescados de Marataízes toma como partido a relação com o entorno do sítio histórico do Trapiche e do Palácio das Águias. Essa relação se faz através da implantação desse novo prédio alinhado pelas fachadas com seus vizinhos históricos ao mesmo tempo em que cria novas visuais que redescobrem o Trapiche e o Palácio para o bairro de Barra de Itapemirim.

 Percebeu-se a partir do levantamento topográfico, das imagens geradas pelo Google Earth© e de visitas ao local, que entre os prédios do Trapiche e do Palácio das Águias há um alinhamento aparente de suas fachadas principais, voltadas para a av. Simão Soares. Esse alinhamento, nos dias atuais, está sublimado pela massa edificada de construções que surgiram ao longo do último século no entorno desses dois prédios históricos. A proposta de implantação do novo Mercado de Pescados possui, portanto, a intenção de reforçar esse alinhamento histórico e original.

 Para tanto, o estudo levou em consideração a possibilidade de uma pessoa estar localizada na esquina entre a rua Cel. Luís Soares e a av. Simão Soares e, a partir do novo prédio alinhado com o Trapiche, poder ver de forma completa todo o corpo desse antigo entreposto comercial; fato que o atual mercado de pescado não possibilita. Em um ângulo aproximado de 45° com a rua Cel. Luís Soares, o novo prédio do Mercado de Pescados de Marataízes foi implantado liberando novas visuais para o antigo Trapiche, ao mesmo tempo em que orienta os olhares perspectivados em direção ao prédio do Palácio das Águias.

 Desse modo, o novo prédio e sua implantação levam para dentro do bairro de Barra de Itapemirim visuais desse sítio histórico, antes relegados a relances de pelas ruas do bairro. Localizados fora da malha urbana do bairro, em área tombada pela SECULT, os prédios do Trapiche e do Palácio das Águias estão implantados em uma grande gleba entre às margens do rio Itapemirim e a Rodovia do Sol.

 Pela ponte que atravessa o rio, dando acesso à cidade, percebe-se esta área rebaixada tendo uma relação mais próxima e histórica com o rio do que com as construções a sua frente, que ocuparam ao longo das décadas do último século o entorno vazio original onde, o Palácio e o Trapiche de um lado, e de outro lado, a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes em direção do mar, dominavam a paisagem local. Entre os dois grandes corpos d’água, essas edificações pontuavam a paisagem natural. Hoje, estão isoladas pela rodovia, pela ponte e, no caso do Trapiche e do Palácio, estão isolados do próprio tecido urbano que outrora ocupou essa região.

 O prédio do novo Mercado de Pescados busca ser um elo entre esse tecido antigo e a morfologia urbana do bairro que cresceu a sua frente. Integra pelo alinhamento[1], pelas visuais e respeito às proporções e alturas , principalmente do Trapiche, o antigo com o novo. É uma transição visual, simbólica e de percurso fluído entre o tecido histórico antigo e o tecido urbano novo.

 Para tanto, a arquitetura do novo Mercado de Pescados trabalha em dois níveis simbólicos referenciais:

- O primeiro, da própria essência de seu uso e fim, partindo de tipologias de prédios de mercados públicos em formato pavilhonar, onde uma planta longilínea de leitura simples e funcional organiza os boxes de venda dos pescados. O mercado é tratado como um complexo por ser funcionalmente e esteticamente dividido em três prédios/blocos: o do mercado, longilíneo e caracterizado pelo telhado tipo shed, com sua fachada principal voltada para a esquina entre a rua Cel. Luis Soares e a av. Simão Soares, e alinhado como a fachada principal do Trapiche.

 A composição dos sheds além da funcionalidade para a captação de iluminação indireta pela insolação Leste serve também para captar o vento Nordeste predominante e ventilar, de forma cruzada, o interior do prédio do mercado, saindo por painéis em veneziana na parede oposta à fachada do mercado voltada para o Trapiche. As formas quase triangulares dos sheds remetem ao tema dos produtos vendidos no mercado: a vida da pesca no mar e na foz do Rio Itapemirim pode ser representada pelas imagens de velas, peixes, quilhas, barbatanas, proas de barcos e qualquer outra referência que se faça justa no imaginário formal e simbólico desses elementos de ventilação e iluminação.

- E segundo, a partir dos materiais empregados e seus conteúdos simbólicos. No prédio do mercado os materiais empregados são uma composição de vidro, a pastilha cerâmica branca, telhas de alumínio branco como cobertura e fechamentos, pilotis em concreto armado aparente e dois pórticos de entrada em granito amarelo polido, ou seja, um uso de materiais mais “ligeiros”, contrapondo-se leveza e peso. A predominância do branco e de materiais mais leves nesse prédio é proposital, pois sua presença é a primeira em relação com o prédio histórico do Trapiche.

 Deseja-se que esse bloco principal do Mercado seja leve e transparente o suficiente para não competir com o traçado eclético do Trapiche. Os ritmos dos elementos compositivos de sua fachada são diferentes dos elementos do Trapiche, pois é um prédio com usos e necessidades funcionais e estruturais diferentes que se refletem em seu volume edificado. Mas, esse mesmo ritmo leva e orienta o olhar ao prédio vizinho mais robusto, resguardando-o.

 Enquanto que no prédio do mercado usa-se da alegoria em sua composição, no prédio dos serviços e administração do complexo, sua imagem é mais austera. Esta austeridade é dada pela volumetria mais alta (corpo mais telhado) de todo o complexo, feita assim para ser o volume de alinhamento total em altura com o prédio do Trapiche, enquanto que o prédio do mercado se encontra alinhado com a platibanda desse antigo prédio. Esses alinhamentos geram pés-direitos livres adequados tanto para os trabalhos e vendas no interior do mercado, como para as instalações técnicas e trabalhos administrativos desse segundo prédio.

 O granito amarelo, nesse caso, é usado como elemento de caráter mais austero para o prédio administrativo. Enquanto que no prédio do mercado a intenção é, através de seu ritmo de fachada e elementos compositivos, direcionar os olhares aos dois prédios históricos, o prédio administrativo posterior ao mercado, recuado da rua e alinhado com a lateral do Trapiche, também se alinha, formalmente, à austeridade dos volumes do Trapiche.

 E por fim, mas não menos importante, o prédio de processamento de pescados. Esse, localizado por detrás do prédio do mercado e da administração, inicia todo o processo e sentido do complexo do mercado de pescados, pois é por ele que o pescado chega, é processado dentro das normas higiênicas e sanitárias do Ministério da Agricultura e Pesca e da ANVISA, para posterior venda no bloco do mercado. Pelo seu caráter industrial, sua planta seguirá uma linha lógica para o processamento e preparo do pescado, marcada em sua volumetria retangular, com uma torre alta para a fábrica de gelo em escamas e seu revestimento externo em telha de alumínio branco que contorna toda a edificação.

 Áreas técnicas de resfriamento e conservação do pescado são necessárias por norma para a qualidade do pescado a ser vendido. Essas farão parte do volume do bloco de processamento, bem como todo o processo de beneficiamento e higienização do pescado. Um castelo d’água na lateral (esquerda) desse bloco atenderá as necessidades de água do complexo e sua altura, se alinha tanto com o prédio da administração como do Trapiche.

 Entre o novo mercado e o Trapiche propõem-se uma grande área de deck em madeira tratada e piso em granilite na cor natural nos passeios, marcando o eixo e entorno do mercado.

 Todo o complexo do novo Mercado de Pescados de Marataízes foi pensado como uma forma de se estabelecer o contato do antigo sítio histórico da cidade com seu entorno urbano mais recente. Esse novo prédio se estabelece como interlocutor entre o antigo e o novo. Fará parte de um eixo cultural da cidade, inaugurado pela reforma e restauro, em 2010, do prédio do antigo Palácio das Águias (hoje, uma biblioteca municipal), da construção desse novo mercado e da expectativa do restauro do antigo prédio do Trapiche que poderá assumir um uso complementar ao lugar.

[1] . As alturas forma definidas a partir de estudo enviado pela SECULT da proposta de reforma e recuperação das estruturas e uso do antigo prédio, em ruínas, do Trapiche dos Soares.

Pórtico do Parque de Exposições Alcides Daniel, Viana-ES (ANO 2017-2018)
(Projeto em parceria com a Avantec Eng.)

O pórtico de entrada para o Parque de Exposições Alcides Daniel configura-se como um marco. Não é somente uma passagem, mas um elemento arquitetônico que permaneça presente no lugar. 


O desenho curvo em arco marca a entrada coberta entre as duas partes do pórtico. Duas torres contraventam a estrutura metálica revestida em placas de alumínio azul. Uma está destinada aos guichês de compra de ingresso e controle de acesso e a segunda para um armário técnico. O arco ainda permite a passagem tanto de pedestres como de veículos pela entrada, caso se faça necessário. Os materiais escolhidos como revestimento, requerem baixa manutenção ao longo do ano e qualidade no acabamento.

Terminal Rodoviário Municipal de Marataízes-ES (Ano de 2016)
(Projeto em parceria com a Avantec Eng.)

 O projeto para o Terminal Rodoviário de Marataízes busca ser mais do que um espaço funcional, formado por uma grande cobertura para proteger passageiros e ônibus. Sua implantação marca um lugar em desenvolvimento da cidade, ou, em vias de crescimento urbano para um futuro próximo.  

 Às margens da ES-060, em ponto estratégico próximo a um trevo da rodovia, a implantação da rodoviária facilita acesso e logística de chegada e partida tanto dos ônibus que vem ou vão para a Grande Vitória, como para os ônibus que circulam pelos municípios próximos de Marataízes.

 Em dois níveis ou alturas, as coberturas elípticas dominam a construção do espaço protegido das plataformas e circulações internas da rodoviária, ao mesmo tempo em que orientam o percurso dos ônibus ao redor das plataformas. Forma dinâmica, de perspectiva alongada, que se referencia à função imediata da rodoviária em deslocar as pessoas entre pontos no tempo e espaço.

 As coberturas mais baixas, com 5 m de altura protegem a chegada e saída dos ônibus e passageiros pelas plataformas e a cobertura central, com 10 m de altura protege todo o interior da rodoviária. Entre ambas, na grande abertura que acompanha o desenho elíptico das coberturas, um fechamento em brises de alumínio branco garante a ventilação cruzada permanente do local e uma iluminação natural filtrada pela passagem do sol ao longo do dia. Com sua orientação norte-sul, a rodoviária receberá iluminação o dia inteiro, bem como a ventilação natural advinda da predominância dos ventos nordeste da região.

 A estrutura da cobertura é toda em concreto armado, com lajes mistas com panos protendidos alternados por panos nervurados, apoiados em pilares cilíndricos, em concreto armado que apoiam a modelam a forma elíptica. No centro da elipse mais alta, uma sequência de pilares de maior diâmetro se tornam o núcleo central de apoio dessa estrutura. Platibandas delimitam os telhados metálicos e as grandes calhas internas. Externamente, sobre as platibandas, revestimentos em chapas de alumínio composto (ACM), na cor branca, protegem as alvenarias ao mesmo tempo em que marcam, em cor, a forma elíptica na paisagem circundante. Tanto as lajes (teto) como os pilares cilíndricos em concreto armado, serão deixadas aparentes, somente recebendo camadas de verniz acrílico para proteção das superfícies.

 Uma torre de 20 m de altura que rompe as duas lajes em altura faz a compensação vertical na composição predominantemente horizontal da rodoviária. Como um contraponto formal, além de sua função estética, é também utilizada como reservatório elevado de água para uso interno e para sistema de proteção e combate ao incêndio. Toda revestida em granito amarelo contrasta propositadamente com a cor branca predominante dos materiais de revestimento do prédio.

 Ao longo da circulação interna da rodoviária, foram implantados prédios de apoio ao seu funcionamento: lanchonetes, banheiros, guichês de venda de passagem, lojas e administração. Todos os prédios, revestidos em pastilha cerâmica branca, possuem implantação em 45 graus em relação à plataforma, de forma a serem de fácil localização para quem adentra a rodoviária.

 E externamente à edificação estão duas guaritas de controle de entrada e saída dos ônibus, casa de bombas, cisternas e coberturas para o ponto de taxi, logo na frente do terreno da rodoviária. Essas pequenas edificações, a exceção das coberturas de taxi, também são revestido em pastilha branca.

 Os pontos de taxi, com um total de 12 vagas, possuem sua própria cobertura para o uso dos taxistas que atenderão aos usuários da rodoviária. Sua cobertura metálica com telhas tipo sanduiche, está apoiada e atirantada em pilares de concreto que, aos moldes da torre da rodoviária, são revestidos em granito amarelo.

Terminal Rodoviário
Centro de Referência de Assistência Social do Bairro Boa Esperança. Jerônimo Monteiro-ES (ano de 2009)
(Projeto em parceria com a Avantec Eng.)

 Os CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) são edificações públicas estatais erigidas em localidades que têm como principal objetivo, oferecer às famílias carentes, serviços de proteção social através de programas sociais federais e locais. Em parceria com a equipe da AVANTEC Engenharia, foi-nos incumbida a tarefa de desenhar o CRAS do Bairro Boa Esperança, também conhecido como bairro popular pelos moradores da cidade de Jerônimo Monteiro, localizada ao sul do Estado do Espírito Santo.

A construção do CRAS advém de verbas federais e estaduais e para tanto, seu projeto deveria atender ao programa básico e verba destinada para o seu porte,ambas justificadas pelo número de famílias que este prédio deverá atender. O desafio se iniciou em se adequar o programa e o aporte financeiro público e restrito a área máxima da edificação, não podendo ultrapassar mais de 350 m² de área construída. O prédio foi destinado ao Bairro de Boa Esperança, um dos mais carentes do município e que nos últimos anos vêm recebendo por parte da Prefeitura, investimentos em infra-estrutura, moradias e equipamentos públicos. O CRAS faz parte deste complexo, que conta com uma escola municipal, uma praça a ser projetada com área de esportes e lazer, moradias com toda infra-estrutura de novas ruas, iluminação pública, esgotamento sanitário e rede de abastecimento de água.

O outro desafio foi a implantação do prédio em um terreno estreito e comprido, cedido pela Prefeitura, localizado ao lado de uma igreja evangélica inacabada. Fazendo a entrada do prédio pela lateral, com a fachada principal voltada para a igreja o recuamos desta, de forma a criar uma alameda que dará acesso, ao mesmo tempo, ao CRAS, a entrada lateral da igreja e ainda ligará a Rua Mario Pires (a frente do CRAS) com a área de esportes contígua a praça e com o novo loteamento já construído no lugar. Assim, unindo estes espaços ao da própria praça, propomos que os acessos se tornem fluxos livres de pessoas em torno dos prédios e dos equipamentos, como forma de integrá-los em um mix de atividades que dará um convívio maior entre os moradores e usuários do lugar. Para tanto, propomos também que a pavimentação de acesso ao CRAS seja a mesma da praça e da área de lazer, mantendo-se ao máximo possível os mesmos níveis. Além disso, a iluminação decorativa deverá ser pensada de forma a valorizar todo este espaço de forma integrada.

O programa do CRAS têm por objetivo oferecer a população vários serviços sociais como acompanhamento psicológico, assistência social, atendimento do programa Federal do “Bolsa Família”, além de salas que ofereçam atividades educativas para crianças, jovens e a comunidade em geral. Um auditório para 50 pessoas completa o espaço dando a oportunidade para a comunidade local ter acesso a palestras educativas, vídeos e filmes.

Revestimos as fachadas com filetes serrados de granito Ouro Brasil, de fácil acesso nas pedreiras da região vizinha de Cachoeiro de Itapemirim e com preço acessível. Serão filetes padronizados em tamanho de 1 m x 5 cm, assentados em filetes desencontrados e de forma homogênea, criando assim, uma fachada regular e retilínea. A cor branca de algumas alvenarias contrastam com o amarelo do granito e com o concreto aparente das quatro marquise em “U” invertido que servem como brises das janelas da fachada principal.

A entrada do prédio foi marcada por um pergolado de madeira e cobertura de vidro translúcido, que avança sobre a fachada indicando este acesso lateral.Rampas e uma escada central dão o devido acesso e a separação entre o lado externo e o interno do prédio. A torre da caixa-d`água está presente de forma subjetiva na fachada. O próprio prédio, por conta de sua implantação é algo que somente poderá ser apreendido em sua totalidade após o mesmo ser percorrido em sua extensão, passando-se pela alameda ou sendo visto da praça e ou da área de esportes.

 

Este não é um prédio para ser visto de uma só vez, mas aos poucos e em detalhes

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